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Jornadas Nacionais da Pastoral Familiar
Fátima, 15 de Novembro de 2008

“FAMÍLIA - TESTEMUNHO DA ESPERANÇA"

1. Reunimo-nos para mais umas Jornadas da Pastoral Familiar.
Felicito cada um e cada uma de vós pela presença, participação e empenho nas questões da família.

É com muita alegria que estou convosco, em representação da Comissão Episcopal da Família, e de poder partilhar algumas reflexões sobre a pastoral familiar, que podem servir-vos de estímulo, para a vossa vida e missão, no seio da família.

No nosso ministério episcopal a família ocupa um lugar principal, por si mesma, por aquilo que ela significa para o homem, para a sociedade e para a Igreja.

O Directório para o Ministério Pastoral dos Bispos, diz que “para o Bispo a família na sociedade contemporânea representa uma prioridade pastoral. Os desafios que a família tem hoje de enfrentar são enormes: uma falsa antropologia que separa o homem da família e do valor supremo da vida; a desvalorização do amor conjugal e a generalizada mentalidade contraceptiva; a tendência a relegar a família para a esfera privada e a sua dissociação do matrimónio; a pressão sobre os parlamentos para que sejam reconhecidas como famílias, baseadas no matrimónio, as uniões homossexuais; a nova situação da mulher que, embora veja hoje reconhecidos os seus direitos e a sua dignidade e diminuídas as formas de discriminação às quais ainda é submetida, vê-se desvalorizada na sua missão de esposa e de mãe, considerada como uma submissão servil e um serviço discriminatória” (Directório, 202).

Assim, um primeiro aspecto que gostaria de destacar, particularmente urgente hoje, e que o Santo Padre referiu no discurso à Conferência Episcopal Francesa, em Lurdes, no passado mês de Setembro: a proclamação clara do Evangelho da família e da sua verdade, assim como o apoio decidido da Igreja à família, santuário da vida e sede firme de esperança.

Convosco queremos defender o direito a constituir e viver em família, conforme o desígnio de Deus Criador e Redentor, inscrito na natureza humana e na verdade do homem.

A realidade demonstra que quando se debilita e deforma a família, se pervertem as realidades humanas mais sagradas, surge o sofrimento e a falta de esperança e projecta-se uma sombra amarga de solidão sobre a história colectiva e sobre toda a vida social.

A família é a primeiríssima e grande prioridade social no mundo, particularmente no contexto em que nos encontramos, onde se joga o futuro do homem e da sociedade.

Na existência do homem, nas suas alegrias, sofrimentos e esperanças, a família é determinante.

É na família que cada um é reconhecido, respeitado e valorizado em si mesmo.
É na família que o homem cresce e onde todos aprendemos a olhar e compreender o mistério da vida e a ser pessoas, ou seja, a relacionarmo-nos com Deus e com os homens de modo justo, adequado à verdade do nosso ser.

A família, santuário do amor e da vida, existe para que cada pessoa possa ser amada por si mesma, e aprenda a dar-se e a amar.

2. É urgente apostar e trabalhar em favor do matrimónio e da família, dedicar-lhe os nossos melhores esforços e energias, com todos os meios que o Espírito do Senhor nos inspire.

O empenho e o esforço em prol da família é, inseparavelmente, empenho e esforço em favor de uma nova geração capaz de edificar um mundo onde a vida seja acolhida, respeitada e cuidada com atenção. É também esforço e empenho para fazer possível uma nova época em que o amor seja puro e fiel e irradie alegria e beleza (Cf. Bento XVI, Homilia em Sidney, 20 Junho 2008).

É imprescindível recordar, afirmar e defender a importância da família como coração e célula da sociedade, como realidade básica para o desenvolvimento da personalidade humana e para o futuro da sociedade.

Nestas Jornadas, sobre a “Família – testemunho da esperança”, a nossa reflexão e o nosso testemunho em favor da família será uma luz e um contributo para fortalecer a família, na qual se joga o futuro do homem.

Todos estamos obrigados a promover e a fortalecer os valores e as exigências da família e ir para além do debate político, social e cultural, oferecendo e reafirmando a visão cristã da família, dentro do projecto de Deus.

3. Somos chamados a promover e a divulgar uma cultura cristã da família.
Perante as dificuldades que envolvem as famílias, uma das nossas missões é levá-las a tomar consciência das suas capacidades e energias, ajudá-las a confiar em si mesmas e nas suas próprias riquezas de natureza e graça, na missão que o Senhor lhes confiou.

É necessário fazer com que as famílias do nosso tempo recuperem a esperança e a confiança em si mesmas e em Deus.

Há que remar contra a corrente de um derrotismo, desconcerto, medo de constituir família, por influência do relativismo, de meios e correntes de opinião ou legislações adversas.

Há que ajudar, estimular, alentar as famílias para que recuperem a realidade e vitalidade que lhes são próprias e mostrar-lhes que Deus colocou nelas possibilidades enormes, que podem contar com os meios da graça divina e que a Igreja está realmente com elas e as apoia com a sua solicitude materna e com todos os meios ao seu alcance.

A Igreja não pode deixar de anunciar que, de acordo com os planos de Deus, o matrimónio e a família são insubstituíveis e não admitem alternativas.
As famílias, os jovens e a sociedade necessitam de escutar a Igreja e sentir nela e nas comunidades cristãs o apreço pela sua beleza, pela sua verdade e grandeza; pela vida que gera e pela esperança que suscita; pela confiança que oferece e pelo amor que nela se respira e dela irradia.

4. No contexto em que vivemos, urge pôr em evidência os valores positivos vividos e testemunhados por numerosas famílias; criar correntes de opinião e de esperança sobre a família, como afirmou recentemente (5 de Outubro) o Presidente da Rede Europeia de Institutos sobre a Família, Carlos Pérez Testor.
Graças a Deus, são muitos os sinais positivos, os testemunhos de fidelidade, de realização e de felicidade de numerosas famílias.

Segundo uma pesquisa europeia sobre avaliação de Instituições, a família é a instituição mais valorizada da Europa pelas pessoas, sem diferenças etárias significativas.

Dos mais jovens aos mais adultos, uma grande maioria valoriza a família como núcleo de coesão e de espaço de crescimento. Por isso, a leitura que faz o Presidente da Rede Europeia de Institutos sobre a Família, é que “a família actualmente goza de boa saúde”.

Isto não significa ignorar as diferentes políticas sobre a família entre os países do norte e do sul da Europa, nem as preocupações relativamente à baixa natalidade, vulnerabilidade do grupo familiar; aumento de número de divórcios com o impacto social que provoca; as preocupações do dia a dia das famílias, como a conciliação trabalho e família, a educação do filhos, o cuidado dos idosos dentro do núcleo familiar, etc.

É claro que “a evidente secularização da sociedade dificulta a visualização da dimensão espiritual do «dom» em grande parte das famílias europeias, mas a dimensão da gratidão; da generosidade heróica que vemos ao nosso redor cada dia; da entrega sem esperar receber nada em troca e da solidariedade aparecem constantemente nas relações familiares e isto constitui um testemunho de esperança e uma esperança em relação ao futuro das famílias”.

5. “A luz não é para colocar debaixo do alqueire, mas sim em cima do candelabro para alumiar todos os que estão em casa” (Cf. Lc 5,15).

Saibamos nós também ver esta luz que irradia das famílias que vivem segundo o projecto de Deus e mostram que ele é possível e indispensável para a realização do homem, o futuro da Igreja e da sociedade, e fazer com que essa luz irradie na Igreja e no mundo, seja um testemunho de esperança e um estimulo para as famílias debilitadas ou que a perderam.

† Joaquim Mendes
Bispo Auxiliar de Lisboa
Vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família

 

Comissão Episcopal do Laicado e Família da Conferência Episcopal Portuguesa.
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