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XIX JORNADAS NACIONAIS DA PASTORAL FAMILIAR
Fátima, 19/20/21 Outubro 2007
Centro Pastoral Paulo VI

 

Frente-a-Frente
 Identidade e valores da família na sociedade global

Maria Engrácia Leandro
Professora de Sociologia do ICS da Universidade do Minho

 

Dinâmicas familiares. A situação portuguesa hodierna

Resumo
Famílias nucleares com uma estrutura semelhante ao passado, embora com características relacionais bem diferentes, casais separados e/ou divorciados, famílias mono parentais ou recompostas, famílias destruturadas, crianças maltratadas ou sacralizadas, nunca sem sombra de dúvida, as relações familiares foram tão complexas como nos nossos dias. Frequentemente, deplora-se ou estigmatiza-se a falta de autoridade dos pais designados, muitas vezes, como a principal causa de violência nos estabelecimentos escolares, muito antes do aumento da população nesses estabelecimentos e até de alguns desvios por parte dos filhos. Perante a perda generalizada das certezas, certos países chegam mesmo a prever introduzir uma “formação parental” nos programas escolares, procurando preparar melhor as novas gerações para as suas futuras responsabilidades familiares.
 As interrogações multiplicam-se e a colaboração de especialistas, verdadeiros profissionais de intervenção no seio da família, intensificam-se. Multiplicam-se os locais de escuta, de aconselhamento, de mediação: tudo parece indicar que o regulamentado em função dos adultos, no que se refere ao exercício das suas responsabilidades internas familiares, não é de todo evidente. Esta situação indicia o recuo dos papéis e valores familiares tradicionais que são, hoje, mais difíceis de identificar.
 Por tudo isto e por muitas mais transformações familiares, desde os anos sessenta setenta do século passado, podemos dizer que a família hodierna é, para muitos, cada vez mais objecto de preocupação. No entanto, é também alfobre de respostas para muitas inquietações individuais e colectivas, procuradas quer por parte de políticos e de agentes religiosos, quer dos indivíduos e da sociedade em geral.
As questões que daqui decorrem interrogam, tanto as mudanças que atravessam as sociedades contemporâneas, como a redefinição dos valores que estruturam os comportamentos sociais e a própria coesão familiar e social. Aqueles põem em jogo o teor e o devir das nossas representações acerca das novas relações e tarefas no seio da família que balizam as referências a partir das quais os actores da cena familiar apreendem as suas interacções. Na medida em que estas mutações profundas da família transformaram o equilíbrio das funções e dos poderes tradicionais, podemos perguntar-nos se tal evolução terá vindo a fragilizar os laços familiares e sociais? Ou, ao invés, fazem elas emergir novas formas de família através das quais se estruturam novas relações amorosas e afectivas que se tecem nos limites do privado e do público, do individual e do colectivo, entre os membros do casal, entre pais e filhos, bem como entre irmãos? Podemos interrogar-nos, igualmente, se o individualismo que grassa nas sociedades ocidentais é susceptível de atingir a família? E se sim até que ponto e com que efeitos?
É em função da compreensão deste conjunto de elementos, questões e a amplitude da sua dinâmica, que nos propomos, como objectivo principal, compreender as lógicas, as consequências da transformação da família e a emergência da sua complexidade na sociedade portuguesa ao longo dos últimos decénios.

Braga, Universidade do Minho, 17 de Outubro de 2007

 

Comissão Episcopal do Laicado e Família da Conferência Episcopal Portuguesa.
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